Páginas

Primeira parada: Sardegna - Cagliari



Conforme Wikipédia, "A Sardenha ou Sardegna em italiano, Sardenya em catalão) é a segunda maior ilha do mar Mediterrâneo (a primeira é a Sicília) e a oitava da Europa. Com 24090 km² e 1,65 milhão de habitantes, cuja capital é Cagliari. É completamente circundada pelo Mar Mediterrâneo. As línguas mais faladas na Sardenha são o italiano e o sardo, uma língua românica com influências do fenício, do etrusco e doutras línguas do oriente próximo. A história da Sardenha é muito antiga. Em 1979, vestígios humanos foram datados de 150.000 a.C.

Foi sucessivamente povoada por Fenícios, Cartagineses, Romanos, Árabes, Bizantinos, Espanhóis, Saboianos e Italianos. Foi chamada de "Ichnusa" pelos Fenícios e "Sandalyon" pelos gregos, porque a sua forma lembra uma pegada."

Cagliari ou Casteddu é uma cidade relativamente grande, tem apoximadamente 230.000 habitantes numa superfície de 85 km². Conserva traços medievais, como pode ser visto no bairro que se chama Castello fundado em 1217, parece realmente que você está numa daquelas cidadezinhas medievais. No resto da cidade se vê muito a arquitetura barroca mas também contemporânea. Aqui tem de tudo e todos, vários povos, muitos africanos, indianos, russos, ucranianos, chineses. Além do mais é muito tranquila e tem uma grande acessibilidade, excelente rede de transporte ônibus/metrô que vão desde o centro, até às praias e povoados vizinhos. E fácil encontrar bons hotéis e breakfests.
Acho que como vivi em cidades como São Paulo, Rio de Janeiro e minha cidade natal Montes Claros em Minas com mais ou menos 360.000 habitantes, aqui por ser relativamente grande e oferecer opções ajuda um pouco na adaptação. Sou muito dinâmica e gosto de passear, descobrir lugares, ter o que fazer. Acho que uma cidadezinha muito pequena dificultaria um pouco mais o meu senso de  liberdade, e até a possibilidade de mudar um pouco a rotina, já que aqui posso planejar novas atividades, passeios e descobertas.  
A cidade não tem muito uma vida noturna, mas para pessoas como eu que sempre gostei mais de reuniões com amigos, coisa mais desse tipo, já consigo me divertir; mas uma pessoa noturna por exemplo, não gostaria daqui não.
Os pontos turísticos mais indicados são em primeiro lugar as PRAIAS... O mar mediterrâneo é fantástico e nessa região as praias são lindissimas com águas de um azul intenso. Algumas até parecem desertas e por isso permanecem bem conservadas. Acho que se tivessem uma estrutura como as de Porto Seguro seria o máximo, porém eles nao parecem querer mudar o estilo original e presam muito em conservar o patrimônio natural. Tem uma praia de areia cor de rosa (La Spiaggia Rosa), antigamente os turistas pegavam essa areia pra levar como recordação; hoje se vêem alguém pegando uma pedrinha que seja eles acham ruim e chamam a atenção... 
Indico muito a praia do arroz, em italiano La Spiaggia del Riso em Villasimius, chamada assim porque a areia parece mesmo feita por grãos de arroz, são de quartzo; mas essa é apenas uma, existem lugares incríveis  que não são em Cagliari, mas é bem pertinho dá pra ver quase tudo usando o transporte local (ônibus e trem), como Arcipelago di La Maddalena, Costa Smeralda, Stintino, Cala Luna... Digamos que de praias a Sardegna está muitoooooo bem servida...
Tem também museus que contam a história da ilha e são bem interessantes, mostram os períodos paleolítico superior, neolítico e a era dos metais, também as lindas cerâmicas e mosaicos, miniaturas dos antigos nuragues que eram as casas dessa era, enfim... Vale a pena.
Como traço cultural, prefiro falar sobre a influência da cultura na personalidade dos sardos. Acho interessante, não como é nas outras cidades litorâneas, mas aqui me encanta como  o povo conhece  bem o mar, a terra, o clima (sabem os nomes até dos ventos que pra mim era um só)...  São orgulhosos de sua história, da luta no passado tanto pela unificação da Itália (onde os sardos foram todos enviados para o norte do continente porque não pudiam lutar no seu lugar de origem) quanto na luta diária pela sobrevivência da Sardegna que na atualidade vive meio esquecida pelo continente;  eles contam a história com precisão e dá pra perceber como as famílias fazem questão de passar adiante sua história;  um exemplo disso é que meu marido nasceu aqui na Itália não na Sardegna, ele é da região de Friuli Venezia Giulia, filho de um friulano e uma sarda, mas morou quase que toda a vida na Alemanha, foi alfabetizado lá e viveu adolescência e parte da juventude, e assim tem mais traços da cultura alemã do que da italiana, mas os pais trataram de ensinar direitinho a história italiana e sarda. Um traço muito forte também na minha opinião,  são muito resilientes, um tanto dramáticos às vezes, um povo de caráter e opiniões fortes  mas se derretem ao ver uma criança sorrir, se emocionam facilmente e conseguem sempre fazer alguem rir mesmo diante dos momentos de dificuldades. 
Sobre o mar, é até engraçado ver um sardo comprando peixe, se bobear sabem até a hora em que o peixe foi pescado, descrevem os olhos, a textura... é bem divertido ver dois sardos no mercado discutindo, algo do tipo pra mostrar quem sabe mais sobre o assunto!!!! 
Exatamente por serem apegados à terra, à natureza, trazem isso também para os relacionamentos. Também são muito “familia”, adoram ver a casa cheia, comer todo mundo junto, discutir sobre as notícias do jornal (quase que simultaneamente com o apresentador ou repórter) rsrsrs, quando cheguei ficava doida tentando entender o jornal e querendo acompanhar a discussão deles falando todos ao mesmo tempo.
Sobre o mercado de trabalho, ja é sabido que a nível europeu agora existe uma grande crise, ter carteira assinada hoje em dia é um luxo invejado por muitos... Vejo muito as buscas por operários para indústrias de vinhos, call center, e claro  na área do turismo como bares, restaurantes, hotéis. Aqui emprego não é discriminado como no Brasil, um trabalhador da zona rural ou garçon por exemplo, tem a mesma importância de um administrador, é visto como um trabalhador que merece respeito. Eu conheci várias pessoas no Brasil que tinham vergonha de falar que eram garçonetes, empregadas domésticas. Aqui como lá os salários mudam dependendo da categoria claro, mas não são tão desiguais e ninguém tem vergonha da sua profissão. Existem também vagas pra trabalhar com seguros, mesmo que sejam com contratos de colaboração, mas pra quem não quer ficar de braços cruzados sempre tem alguma coisa, contratos temporários sempre tem.
A fama da universidade daqui é muito boa. São oferecidos vários cursos e inclusive tive muitos colegas no curso de italiano que eram indianos, palestinos dentre outros que chegam todo ano pra cursos como engenharia civil e demais voltados para àrea de comunicação, programação e cálculos.
Na culinária sabem aproveitar muito bem o alimento, nao desperdiçam e tem um cardápio muito variado com muitas verduras, legumes, frutas e frutos do mar, todas escolhidas e preparadas quase que com um manual da boa cozinha, pra complementar sabem fazer como ninguém o famoso Porceddu (tipo o nosso porco assado)  mas com um toque diferente, eles usam umas ervas aromáticas como condimento que fazem toda a diferença, (acho que esse é o segredo da culinária italiana, entendem bem sobre aromas, temperos e combinações), o mesmo pra ovelha e ou cordeiro. Também  comem  muito a carne de cavalo, vários tipos de salame e queijos inclusive o famosíssimo Pecorino Sardo, feito de leite de ovelha. Os doces são o forte da região, são feitos artesanalmente e por isso são meio carinhos, a maioria com nozes, amêndoas, outros com fios de ovos, são maravilhosos. Pra finalizar não poderia deixar de fora o sorvete, cremosos e nada como aqueles picolés com uma linda cor mas que no final resta só o gelo.               
Acho que o melhor conselho que posso dar a qualquer turista que deseja conhecer a Sardegna e Cagliari é o de abrir o coração, se despir de preconceitos. Aliàs, nao só aqui mas em qualquer lugar que você se dipõe a conhecer (e infelizmente aqui na Italia tem muito isso entre os povos do norte para com os do centro-sul). 
Vi algumas pessoas criticando os  lugares onde vão, sempre comparando; odeio isso e acho de uma ignorância tremenda ficar julgando o que é melhor ou pior entre  Italia e Brasil, norte e sul, leste e oeste, continente americano e continente africano,  se esquecem de aproveitar o melhor que cada lugar tem. Afinal são culturas, histórias diversas, um mundo diferente. Se é pra ter sempre as mesmas experiências entendo que não seja inteligente gastar o suado dinheirinho. Aconselho então a estes, que fiquem quietinhos no seu lugar preferido. Assim fica bem mais fácil não se irritar e não incomodar os donos do lugar. 














2 comentários:

  1. Que legal Aline! Você realmente está desvendando a Italia para todos nós! Parabéns!

    ResponderExcluir
  2. Aiaiaiai eu preciso conhecer o sul da Sardegna! VAmos ver se eu consigo ir em setembro! Interessante a origem do nome ichnusa,pra mim era o nome da cerveja sarda, que digamos de passagem que è a melhor cerveja italiana, a mais proxima da cerveja brasileira.

    Me aguarde que quando vc menos esperar to chegando por ai!

    Beijos

    ResponderExcluir