Gosto muito de ficar repassando mentalmente reflexões que marcaram minha vida, acredito que seja um modo de fixar no meu coração e mente, e também é um modo de me relacionar com Deus e sua Palavra.
Alguns anos atrás eu estava com tantas dúvidas e medos, foi quando comecei a refletir no texto de Mateus 4 que conta a passagem de Jesus pelo deserto.
Trazendo para a minha situação naquele momento, entendi por deserto um lugar de dificuldades e assim comecei a procurar na Bíblia tudo que fazia referência ao deserto. Vi que o Espírito Santo levou Jesus ao deserto, as circunstâncias levaram Agar ao deserto e muitas vezes problemas e dificuldades vão me levar, ou melhor, nos levar ao deserto, não para morrermos ali, mas para sermos restaurados.
No deserto não resta outra alternativa que não seja depender de Deus e confiar nEle; no entanto é também o lugar onde somos tentados a duvidar e a abandoná-lo. Foi lá que Satanás tentou lançar ao próprio Jesus dúvidas até sobre a paternidade quando disse: "Se és tu o Filho de Deus lança-te daqui."
Se ele foi capaz de fazer isso com o próprio Jesus conosco não seria diferente.
Sobre o tempo de Agar no deserto, o texto de Genesis 21 diz que Ismael era também uma promessa conforme o versículo 13: "Mas também do filho desta serva farei uma nação, porquanto é tua descendência."
Agar foi para o deserto com pão e um odre de água. Ora, um odre de água no deserto significa duas possibilidades, morrer ou receber um milagre. Mas mesmo sabendo da promessa sobre Ismael, Agar parece ter lembrando apenas da primeira opção, MORRER.
Ela olhou para o odre e viu que a água tinha secado, acabado. O desespero foi tão grande que, como fala o texto, ela se afastou do menino, do filho, para não vê-lo morrer. Ou seja, a esperança de Agar estava somente naquele odre (ou garrafa/recipiente para conservar a água). Ela conseguia pensar somente na falta.
Enquanto Agar chorava de longe lamentado o seu fim e de seu filho, Jesus ouviu então o choro do menino. Então Deus votando-se para Agar disse: "Ergue-te, levanta o menino e pega-lhe pela mão, porque dele farei uma grande nação."
Erguer, levantar e pegar são ações. Isso não dependia mais de Deus, era um passo que tinha que ser feito por Agar, ou seja, dependia unicamente da atitude dela.
Depois que ela cumpriu a ordem, foi que Deus abriu os seus olhos e a fez enxergar o poço de água.
Assim acontece conosco diante das dificuldades, vemos apenas a falta, seja o desemprego, um ente querido que está mal, enfim, diversas situações que tentam minar nossa esperança. Mas as coisas dessa terra não podem tirar nossos olhos da promessa, senão certamente morreremos como Israel que tinha a promessa mas não acreditou, não se manteve firme nela. Viviam reclamando, olhando apenas para as dificuldades e por isso morreram no deserto.
Os recursos terrenos são bons sim, não quero ser hipócrita, status, reconhecimento, bens, dinheiro, tudo isso é bom, mas as pessoas que se agarram neles e perdem o caminhar com Deus, diante da primeira dificuldade se tornam doentes emocionais, depressivos, porque confiam somente nos bens naturais.
Damos valor a coisas insignificantes e limitamos Deus, como Agar que confiava apenas no odre, mas Deus quer nos dar uma vida de propósitos, nos levar ao princípio de sua vontade para depois dar continuidade ao que Ele quer, pois fomos feitos para a Sua glória.
Que nossas dores e as demais situações dessa terra não tirem nossos olhos do propósito que o Senhor tem para cada um de nós.
